Eu me lembro da primeira vez que entrei em uma banca de jornal em 1991 especificamente para comprar algo para ler e me deparei com dois gibis, X-Men e Liga da Justiça.
Minha ligação com os X-Men foi quase que instantânea e peguei uma fase de reformulação da equipe, logo depois do massacre dos Morlocks nos esgotos de Nova York, em que eles tiveram que se isolar no deserto da Austrália.
O que mais me chamou atenção desde o início na narrativa desse grupo de heróis da Marvel foi, sem sombra de dúvidas, o fato de serem um grupo perseguido por serem diferentes, no caso mutantes, e por lutarem por uma humanidade que os rejeitava de todas as formas possíveis.
Nenhum outro grupo de heróis tinha esse debate tão escancarado e que fazia alusão a lutas que parecem tão atuais em nossos dias, mas que na época, final da década de 1980 e começo de 1990, era para lá de ousado, pois não era de praxe ver isso em histórias em quadrinhos.
Mais tarde, quando fui estudar os motivos que levaram os criadores de X-Men a desenvolverem suas ideias, acabei descobrindo que foram inspiradas pelos movimentos sociais da década de 1960 e 1970, como a marchas em prol de direitos civis de negros e indígenas nos EUA, e aí acabei me identificando ainda mais com esse grupo de heróis.
Ok, mas, o que isso tem a ver com Coelhos?
Bem, sem perceber, acabei trazendo esses elementos que norteiam o contexto de X-Men para essa ficção-científica brasileira. De um lado temos a rica e próspera Pangea e do outro a marginal Area Remixada. Enquanto a elite de Pangea tenta angariar a opinião pública para invadir o gueto vizinho e eliminá-la, a Area Remixada tenta se defender como pode por meio de suas gangues estilizadas.
Tudo o que Pangea rejeita a Area Remixada transforma e remixa, desde obras de arte que no futuro perderam valor e viraram lixo, a pessoas que, excluídas, encontram nessa pequena colônia, na desértica Marte, um novo começo. Talvez, uma analogia àquela mesma Austrália dos X-Men que li há anos atrás, mas que confesso só ter percebido no momento em que escrevo esse texto. O fato é que os quadrinhos fazem sim diferença em nossos pensamentos e na maneira como revemos as coisas ao nosso redor.
Coelhos é fruto de uma série de referências que marcaram a mim e a Roberta, mas, com certeza, não haveria Coelhos se não houvesse X-Men.
Para quem quiser conhecer X-Men recomendo ler as histórias em quadrinhos e também assistir os filmes e séries de animação disponíveis no Disney Plus. Aliás, a série atual, a X-Men '97 está impecável!
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Boa leitura! Depois volte aqui e comente para saber o que você achou! Até!
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